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Mostrando postagens de maio, 2014

Sem filhos e sem escola.

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Chegou meio sem querer querendo, entrou pelo portão do fundo e foi ficando. Estava magérrima, muita fome e sofrimento. Viu que ali tinha comida. Apesar do medo, a fome era maior. Ficou por ali, desconfiada. As cozinheiras se compadeceram, era tão feia que não podiam enxotá-la sem remorso. Deram lhe restos de comidas. Comeu. Ficaram com pena ao ver com que voracidade ia devorando as migalhas. Deram mais um pouquinho. Não muito para não se acostumar.  No outro dia, ela veio de novo

O B.O do crente

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Ontem, à noite, vinha mui serenamente caminhando à sombra da noite buritisense um jovem cristão refletindo no sermão sobre os livramentos que Deus dá aos que o temem, e, ao passar por uma rua do setor 02, avistou, em um bar de mulheres, uma senhora sentada displicentemente na varanda, bem do lado da rua que ele vinha. Pelo pouco de luz que saía da porta do bar, o rapaz percebeu que a dona o estava fitando. Logo pensou: “Isso não vai prestar”. Então atravessou para o outro lado da rua. Mas a mulher viu o moço fazendo essa manobra evasiva e se levantou, vindo para a calçada. O coração dele deu uma acelerada... (hora errada para o coração acelerar). José sendo assediado pela esposa de Potifar. “Senhor Jesus Cristo, sabe todo aquele papo de livramento do sermão que eu vinha em profunda reflexão? Pois é, está na hora do Senhor operar um na minha vida agora”. – Foi a oração naquele instante no getsêmane do mancebo. Quando já passava em frente do bar, a mulher começou seu chamado s

Caminhada Cidadã

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Levantem-se cidadãos buritisenses! Hasteiem a bandeira da cidadania! Exponham as faixas!  Caminhemos! Gritem nas ruas, chamem nas avenidas! Convoquem o povo para uma caminhada de paz e clamor! Acordem! Saiam à rua e vejam os caminhantes da cidadania. Ouçam o som dos apitos. Uma multidão vem aí. O caminho já conhecemos. A força já temos! Os comerciantes não saíram à rua para apoiar o movimento; preferiram ficar atrás do seus balcões apreciando o tilintar do cobre; Cobre que vem do bolso dos caminhantes da cidadania. Os industriais não se misturaram com o povo das faixas, pois os ruídos das máquinas de suas fábricas taparam-lhes os ouvidos para que não ouvissem o chamado da cidadania. Os líderes religiosos não se achegaram aos caminhantes. Não são desse povo. Mesmo assim as ovelhas seguiram, mas não foram para o matadouro, essa gente caminhante que sustenta as obras e templos com suas ofertas e dízimos de um salário que dia após dia vai se definhando como Candeias nos dias sem ch

A Paralisação dos Pés

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Acordei. Procurei pelos meus pés. Eles não quiseram me obedecer, disseram que estavam cansados de carregarem nariz empinado e olho gordo. Por isso hoje fariam uma paralisação. Falei com minhas mãos sobre a paralisação dos pés. A Mão Esquerda fingiu que nem me ouviu. Porém a Mão Direita foi lá falar com eles. Tomou um pontapé tão grande na palma que voltou vermelhinha. - O que aconteceu, Mão Direita? Conseguiste falar com eles? Ela me respondeu, ruborizada: -Tentei. Mas é que já cheguei pegando no peito do Pé Esquerdo do Pé Direito e ambos se sentiram tão ultrajados... Agora ficou complicado. Se a Mão Esquerda me ajudasse... Mas a Mão Esquerda estava difícil. Disse que apoiava a paralisação dos pés e que também não moveria uma palha. Então o que eu temia começou acontecer. Uma verdadeira anarquia. A Boca disse que cortaria toda alimentação enquanto os pés não voltassem ao trabalho. - Quem não trabalha não come. O Nariz, que já estava ofendido por ter sido chamado de “

O prefeito mora na cidade

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Para calar as bocas malditas que andam assoprando aos quatro ventos que ele, o prefeito de Buritis, estava morando em Ariquemes, ele mesmo, em carne e osso, esteve na rádio local nessa semana anunciando que, ao contrário de um outro aí, ainda está morando em Buritis, gente. A população buritisense anda cabreira com alguns políticos que baixam aqui em busca de votos e exibições e depois vão fincar raízes em outras freguesias mais bem localizadas. Gato escaldado... Já sabem, nem. Pois é, a cidade está feia mesmo. É uma pena. Os buracos são os únicos que não largam Buritis.Uma história de amor obsessivo que nada parece poder separá-los. Nem a força do povo. A não ser um buraco maior que os engula, como os da Olavo Bilac. Nem com ameaça de umas palmadinhas eles se separam. Não há nada que os faça desaparecer. O lance de arrancar o asfalto para exterminá-los não tem resolvido. Arrancam as ruas e os buracos estão lá, sempre sorrindo soberbos, como uma boca desdentada. Quem sabe no períod